sexta-feira, 8 de julho de 2011
Samba Junino: Patrimônio Cultural de Salvador
O arcabouço cultural produzido por aquilo que hoje se conhece como “samba” consolidou-se no transcorrer da história brasileira como um dos mais importantes patrimônios imateriais oferecidos pelo povo negro do Brasil para o mundo. Esta música-dança de origem africana ressignificada pelo processo de resistência do povo negro no Brasil é mundialmente conhecida como uma das mais fortes expressões da cultura afro-brasileira e, irrefutavelmente, um símbolo apropriado pela cultura nacional deste país.
Ainda que se afirme a influência diversa no processo de desenvolvimento do samba em todo território brasileiro, não se pode negar a contribuição particular da cultura negra da Bahia neste processo. Foi a partir da influência do "samba" de Angola - ressignificado na Bahia - e de ritmos como a umbigada, o maxixe e o lundu que este símbolo da cultura nacional se desenvolveu e se espalhou pelo resto do país. No entanto, é importante entender que esta ressignificação do samba e dos segmentos sócio-culturais que o fazem na Bahia não se restringe a um passado distante. O samba da Bahia cria e recria continuamente tendências que ressignificam o samba no Brasil. Exemplo deste fluxo cíclico de criatividade do samba baiano é o movimento conhecido como Samba Junino.
Produto de algumas modificações consolidadas no samba a partir da década de 1970, o movimento de samba junino tem sua gênese nas festas realizadas em alguns terreiros de candomblé da Bahia que tinham no samba uma das suas principais atrações. A extensão profana destas festas deu um caráter itinerante e introduziram nas comunidades da periferia soteropolitana uma nova dinâmica as festas juninas. Hoje grupos como Samba Natureza, Vai Quem Quer, Prego Duro, Samba Elite, Arte de Negro, Samba de Cozinha, Os Negões, Samba de Roda Urbano, Samba Tororó, Fogueirão, Viola de Doze, Forroxé, Samba Criolo, Negros d’fé, Samba da Ladeira, Sambrasil e tantos outros enaltecem as inúmeras expressões deste movimento e abrilhantam as festas juninas nas comunidades de periferia de Salvador.
Artigo publicado no Jornal A TARDE, no dia 25 de junho de 2011, na editoria Opinião.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário